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Rita Lee e a “profecia” sobre o dia de sua morte

Rita Lee nos deixou hoje não apenas como Rainha do Rock Brasileiro, mas sim como um dos maiores fenômenos culturais deste país. Sua genialidade foi muito além da música. Pra gente ter uma ideia disso, num dos capítulos de sua autobiografia de 2016, intitulado “Profecia”, ela simplesmente imaginou o que aconteceria no dia de sua morte.

Num texto incrível, Rita diz que levantaria do caixão se algum político comparecesse ao seu velório, imagina que ganharia nome de uma “Rua Sem Saída”, que suas músicas tocariam nas rádios sem precisar pagar jabá e que as TVs teriam matérias prontas sobre sua trajetória.

Ela também não deixou de criticar as redes sociais, dizendo o seguinte:

Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída. Os fãs, esses sinceros, empunharão capas de meus discos e entoarão “Ovelha Negra”, as tvs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha no obituário das revistas há de sair. Nas redes virtuais, alguns dirão: “Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, KKK”. Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los. Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autoharp e cantando para Deus: “Thank You Lord, finally sedated”.


Epitáfio: Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa.

 

Fer Machado

Diretor Artístico Rádio UCSfm

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