Por que Renato Russo proibia que músicos da Legião Urbana rissem no palco

O produtor e tecladista da Legião Urbana Carlos Trilha em recente entrevista disse que Renato proibia membros da banda de rirem no palco.

“Sem risadola”. Essa era a regra estabelecida pelo vocalista Renato Russo a qualquer músico que tocasse na Legião Urbana.

Embora não tenha sido integrante oficial da Legião Urbana, Trilha tocou com a Legião tanto ao vivo quanto em estúdio, em discos como A Tempestade ou O Livro dos Dias (1996) e Uma Outra Estação (1997).

A norma era estabelecida porque a banda buscava discutir temas profundos em suas letras. Não era como uma banda de rock convencional, com versos mais mundanos, por assim dizer.

“Aquilo ali para o Renato era uma coisa muito séria. Tem um nível de entrega muito grande dele ali também. A gente ficar gargalhando é quase desrespeitoso com a entrega, o que querem dizer as letras. […] O show da Legião tinha essa coisa. O Renato falou: ‘Gente, é uma banda espartana. Não é para ficar gargalhando no palco, ficar rindo’.”… –

Ainda de acordo com o tecladista, levou algum tempo até a plena compreensão do que significava tudo aquilo. Não era apenas tocar e fazer som: existia uma questão política e filosófica por trás do grupo.

“Fui passar a entender essa vibe do punk, pós-punk, essa posição política, musical e filosófica com o passar do tempo. Não foi só chegar. Achava que era meio ruim, meio frouxo, depois fica legal, depois fica ruim de novo… mas depois fui entender o valor artístico e tudo o que significava.”.

 

Fernando Machado

Jornalista, Diretor Artístico Rádio UCSfm

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